Transição para a sustentabilidade & Inovação de sistemas

Somos um grupo de pesquisadores interessados no conhecimento sobre Transições para a Sustentabilidade, com ênfase em Inovação de sistemas.

Conceitos

O projeto de pesquisa em Transições para a sustentabilidade e Inovação de sistemas se configura como um desdobramento do Projeto de pesquisa em complexidade realizado em 2021 e 2022 no programa de pós-graduação interdisciplinar.

Em 2021, o grupo pesquisou a interseção da literatura de ‘teoria da complexidade’ com as publicações de Gestão do conhecimento, e em especial, com as teorias e práticas de inovação. Em 2022, com base nos resultados alcançados, o grupo decidiu investir em pesquisar a literatura de ‘Transições para a sustentabilidade e Inovação de sistemas.

O conceito de Inovação de sistemas

O conceito Inovação de sistemas emergiu no início do século em curso. Existem diferentes entendimentos do conceito na academia, mas, de forma geral, a abordagem reúne o conhecimento que explica como se efetivam as transformações em grande escala, na forma como as funções sociais vitais são cumpridas (NEVES et al., 2022a). (link com recursos).   

O grupo adota o conceito em uso na OCDE (OECD, 2015) (link no recursos): a inovação de sistemas pode ser definida como uma inovação radical em sistemas sociais e tecnológicos que cumprem funções sociais, implicando mudanças tanto nos componentes quanto na arquitetura do sistema. O novo sistema possui elementos e arquitetura diferentes das que existiam no sistema até então dominante. Como consequência, frequentemente, se configura como um processo que tornam obsoletas, tanto as tecnologias existentes, quanto às competências que as apoiavam (OECD, 2015) (link no recursos).

A inovação de sistemas, como um ramo de estudo da inovação,  vem se destacando no meio acadêmico e governamental, em função da crescente  percepção de que é  necessário transformar radicalmente (inovação), os sistemas sociais vitais vigentes: na forma como funcionam, eles demonstram um padrão persistente de falhas e/ou geram significativos efeitos colaterais negativos. Podem ser citados como impactos preocupantes, dentre outros: mudanças climáticas, perda de biodiversidade e as crescentes polarizações sociais (Neves et al., 2022a) link no recursos).

O conceito de Transições para a sustentabilidade

Também é possível  compreender a literatura sobre Inovação de sistemas, como uma abordagem integrante do campo de estudos sobre mudanças em sistemas sociais complexos, denominado ‘transições para a sustentabilidade’ (Neves et al., 2022a) (link no recursos).

A equipe de pesquisa adota como definição de transições para a sustentabilidade, uma combinação do conceito proposto por Loorbach et al (2017) (link no recursos) e Markard et al. (2012): (link no recursos) : Transições para a sustentabilidade é o processo de  transformação   disruptiva (não incremental),  multidimensional, em grande escala e de longo prazo, por meio dos quais os sistemas sociais estabelecidos,  mudam e se tornam mais  sustentáveis.

Na raiz do campo de estudo de transições, está a preocupação de cientistas, dos representantes dos governos, e do público em geral, com a persistência de sistemas sociais reconhecidamente insustentáveis (Loorbach et al., 2017). (link no recursos)

As três abordagens da literatura de Transições para a sustentabilidade

Loorbach e colaboradores (2017) distinguem três categorias de abordagens no campo de pesquisa das transições para a sustentabilidade: sociotécnica, socioinstitucional e socioecológica.

É na abordagem sociotécnica que a inovação assume um papel central. Além da literatura sobre “inovação de sistemas” enquadram-se nesta categoria de abordagem,  outros ramos de estudo de inovação que, também, tendem a implicar em mudança nas lógicas políticas públicas, tais como: inovação orientada por missões, inovação social, inovação inclusiva, eco inovação, inovação popular e ainda, pesquisa e inovação responsáveis (Diercks, 2019). (link no recursos)

O campo Transições para a sustentabilidade é inter e transdisciplinar, abrangendo uma ampla gama de setores, domínios e questões sociais, por exemplo: energia, água, recursos, alimentos, mobilidade, cuidados com a saúde, educação, desafios de regiões e de comunidades  (Loorbach et al., 2017). (link no recursos)

No campo de estudos, os desafios complexos e persistentes que ameaçam os sistemas sociais (denominados de wicked problems) podem ser categorizados de acordo com a natureza do conhecimento que é central para abordar o problema. O gráfico, a seguir,  categoriza os sistemas sociais considerando a  natureza do conhecimento que tende a abordá-los. No centro da figura, estão seis conceitos centrais derivados das pesquisas que buscam explicar como sistemas adaptativos sociais  complexos evoluem (Teoria da complexidade e o ramo de estudos sobre sistemas adaptativos complexos). 

As três categorias de Desafios em Sistemas sociais

Com base em Loorbach et al. (2017). (link no recursos)

Com base em Loorbach et al. (2017).

A ascensão da complexidade e o conceito de Wicked problems

Nas últimas décadas, o mundo passou a mudar ainda mais rapidamente e radicalmente. Os problemas foram do nível nacional para o nível global, e de relativamente isolados para altamente interconectados e interdependentes. Experimenta-se, atualmente, um  novo nível de complexidade, com os sistemas funcionando de forma diferente da  lógica reducionista que os conceberam. Este novo nível de complexidade, ao mesmo tempo que permite o acesso à serviços e produtos de alto valor agregado, gera novos desafios e disfunções (Guia 1, 2021).

Essas disfunções sistêmicas que emergem nos sistemas sociais que fornecem os serviços que são essenciais para a vida no planeta, é que são denominadas de wicked problems, em português, problemas perversos.  A presença do tipo de problema denominado de wicked problems é uma característica fundamental dos sistemas sociais  contemporâneos. Podem ser citados como exemplos de wicked problems, a cibersegurança, o  terrorismo internacional, a migração, a escassez de água, dentre outros (Guia 1, 2021).

Há uma consciência crescente de que estes  problemas cruciais para as sociedades,  estão inseridos em sistemas que são fundamentalmente complexos e adaptativos. Para abordar estes sistemas, é necessário desenvolver o conhecimento que torna as pessoas mais aptas à lidarem com fenômenos sistêmicos, além de um novo conjunto de ferramentas de abordagens mais holísticas, em rede, emergentes e evolucionárias (Guia 1, 2021).